sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Esperança

Se quiseres partir amanhã eu paro o mundo com facilidade assim
com esta mão e então descobriremos o mais profundo fundo que há no mundo que é no irmos fundo às coisas que há razão de verdades consumadas me consomem de falácias bem montadas me alimentam mas meu filho mora o reino do futuro que é mais duro e não vai ser com palavras que o contentam

Se a morte lenta te rebenta sob a pele a cada dia e se no teu braço apenas sentes a força de um cansaço organizado mas mantens na tua fronte a dúvida e o gosto pelo longe e a maresia e se sentes no teu peito de criança a alma de um sonho amordaçado se quiseres partir amanhã eu paro o mundo com facilidade assim com esta mão e então descobriremos o mais profundo fundo que há no mundo que é no irmos fundo às coisas que há razão


in Pedro Barroso, Esperança

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